Estressores da quarentena
Estressores relativos a duração da quarentena:
Relativos à duração da quarentena: um estudo mostrou que aqueles em quarentena por mais de 10 dias apresentaram sintomas de estresse pós-traumático significativamente maiores do que aqueles em quarentena por menos de 10 dias.
Medo de infecção: Os participantes de oito estudos relataram temores sobre sua própria saúde ou medo de infectar outras pessoas e eram mais propensos a temer infectar membros da família do que aqueles que não estavam em quarentena. Eles também ficaram particularmente preocupados se experimentassem algum sintoma físico potencialmente relacionado à infecção. Demonstrou-se frequentemente que o confinamento, a perda da rotina habitual e o contato social e físico reduzido com outras pessoas causam tédio, frustração e uma sensação de isolamento em relação ao resto do mundo, o que foi angustiante para os participantes.
Informações inadequadas: Muitos participantes citaram informações fracas das autoridades de saúde pública como estressores, relatando diretrizes insuficientes sobre as ações a serem tomadas e confusão sobre o objetivo da quarentena. A falta de clareza sobre os diferentes níveis de risco, em particular, levou os participantes a temerem o pior. Os participantes também relataram uma falta de transparência percebida por funcionários da saúde e do governo sobre a gravidade da pandemia.
Estressores pós-quarentena:
Finanças: Nos estudos revisados, a perda financeira resultante da quarentena criou sérios problemas socioeconômicos e foi considerada um fator de risco para sintomas psicológicos de raiva e ansiedade o que durou vários meses após a quarentena. Um estudo de pessoas em quarentena por causa do possível contato com o Ebola constatou que, embora os participantes recebessem assistência financeira, alguns consideravam que a quantia era insuficiente e que chegava tarde demais; muitos se sentiram prejudicados, pois a assistência que receberam não cobriu suas despesas profissionais em andamento. Muitos tornaram-se dependentes de suas famílias para sustentá-los.
Estigma: Os estudos sugeriram maior estigma em pessoas que foram colocadas em quarentena. Os participantes de vários estudos relataram que eram tratados de maneira diferente: (as pessoas) evitando-os, retirando convites sociais, tratando-os com medo e desconfiança e fazendo comentários críticos. A educação geral sobre a doença e a justificativa para a quarentena e as informações de saúde pública fornecidas ao público em geral podem ser benéficas para reduzir a estigmatização, enquanto informações mais detalhadas direcionadas às escolas e locais de trabalho também podem ser úteis.
Estigma e mídia: pode ser que as reportagens da mídia contribuam para estigmatizar atitudes do público em geral; a mídia exerce uma poderosa influência sobre o comportamento do público; demonstrou-se que manchetes dramáticas e propagandas de medo contribuem para atitudes estigmatizantes (análise do estudo no surto de SARS). Esta questão destaca a necessidade de que as autoridades de saúde pública forneçam mensagens rápidas e claras.
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* Dr. Leandro Ciulla – Médico Psiquiatra, CREMERS 30501. Parte integrante de artigo publicado no Clube de Revista do Curso de Especialização em Psiquiatria da Associação Cyro Martins.