Hipnose, ciência ou bruxaria?
Indícios arqueológicos de hipnose podem ser encontrados em vasos de cerâmica do Egito antigo. Como boa parte dos fenômenos cerebrais, este processo não é totalmente compreendido até hoje, sendo frequentemente associado a algo sobrenatural, rótulo que vem desde a antiguidade, quando a maioria dos fenômenos estavam relacionados a vontade divina.
Imortalizado em filmes como uma técnica poderosa de dominação completa do hipnotizado, atualmente sabe-se que apesar do alto grau de sugestibilidade do paciente, não há como levá-lo a fazer o que não queira. Além disso, diferentemente dos filmes, o método de indução pelo olhar fixo em um pêndulo não funciona na maioria das pessoas. Hoje em dia a hipnose mais comum é produzida pelo relaxamento progressivo; quando o hipnotizador favorece uma sensação de tranquilidade ao falar calmamente com voz baixa até que o paciente encontre-se totalmente em paz e em um estado de alta concentração.
Eletroencefalogramas mostram que a atividade elétrica cerebral durante a hipnose é muito intensa, o que significa que o relaxamento permite direcionar o foco da atenção ao que realmente importa, subtraindo todo o resto. Por isso, quando prestamos muita atenção em algo dizemos estar hipnotizados. Estudos do córtex cerebral durante a hipnose também apontam para uma atividade mais intensa no hemisfério direito, porção responsável pela subjetividade. Esta constatação reforça a ideia de que durante o estado de transe, o subconsciente esteja no comando das funções cerebrais.
Segundo a teoria mais aceita, seria a dominação do subconsciente que permitiria uma intervenção mental sem filtros, uma vez que a porção lógica estaria “desativada”. Falando diretamente ao subconsciente o hipnotizador teria o poder de reprogramar o cérebro, evento vulgarmente conhecido como lavagem cerebral. No entanto, não é isso o que acontece de fato. Em momento algum uma pessoa hipnotizada deixa de saber quem é, onde está e, a menos que a amnési seja sugerida, ela lembrará do que aconteceu enquanto estava em transe. Além disso, instintos básicos como o de sobrebvivência nunca são interrompidos.
Aplicações da hipnose
Partindo do princípio de que a hipnose seria a chave para fazer alterações eficazes no cérebro, com ela seria possível realizar intervenções diretas em transtornos como síndrome do pânico, depressão e todos os relacionados à ansiedade. A aplicação da hipnose pode ser considerada irrestrita, mas a incerteza dos caminhos do cérebro requer que seja aplicada com cautela.