Rotulação e distorções cognitivas
A rotulação é conhecida na literatura como desvio desde 1938. Ela permite que você se desligue da sua própria subjetividade, “coisificando-a”. É um processo que surge na consciência, quando uma pessoa reflete sobre ela mesma. Ao fazer isso, ela usa uma linguagem verbal onde separa, classifica, generaliza, “anonimiza”, registra e preserva.
O problema está quando essa rotulação atua como mecanismo de degradação do status, onde quem rotula acaba resumindo as coisas ou pessoas apenas ao seu rótulo. Esse mecanismo leva a pessoa a simplificar emoções, sentimentos, pessoas etc, e enxergar a vida de forma bastante superficial. Infelizmente, fatores sociais e econômicos de cada cultura também influenciam nossa ‘classificação’ de coisas e pessoas. Veja alguns exemplos de rotulação e degradação:
“Eu sou mesmo um gordo”. Quando alguém se entrega a um rótulo, ele não abre perspectiva para nada que seja diferente, apenas aceita sua condição e frustra-se, perpetua a sua condição e enfraquece seu potencial.
“Fulano é um pão duro”. Você não confiaria a um pão duro a vaga de investidor na bolsa de ações. Porém, essa característica pode ser muito boa nesse setor, em momentos de recolhimento de mercado ou crise. Do momento em que reduzimos alguém a um estigma, escondemos os demais potenciais da pessoa.
Há uma vasta quantidade de sensações que se pode sentir, de modo que vida não vai bem quando todas as coisas são somente branco ou preto, tudo ou nada. Até os melhores cometem erros e, talvez, tenham se tornado os bons porque erraram bastante, tanto o suficiente a ponto de não mais repetirem esses erros e, assim, serem melhores.
Beethoven estava completamente surdo quando terminou a nona sinfonia, uma das melhores músicas do mundo. Marx era um gastador compulsivo, mas escreveu uma das mais polêmicas obras sobre o capital. Freud nunca curou nenhum de seus pacientes, mas abriu as portas para uma ampla percepção sobre a alma humana.
O profissional de psicologia e saúde mental ajuda a enxergar com maior clareza para aquilo que realmente nos afeta e dar pistas mais pontuais de onde escondemos as causas de nossas simplificações em relação aos outros.